segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Papéis Avulsos

de Joaquim Maria Machado de Assis

Acredito que se este escritor de inconfundível estilo desiludido, sarcástico e amargo vivesse em nossos dias e tivesse acesso às atuais formas de comunicação e propagação da escrita, com certeza seria um dos melhores blogueiros que teriam existido, senão o melhor. Porém para nosso azar -- ou sorte, não sei o certo -- ele, que é considerado um mestre da língua, nasceu em 21 de junho de 1839, época em que a Internet sequer sonhava em existir.

Em 1882 publica um livro de contos, Papéis Avulsos, o qual não pretendo trinchar neste post como a um frango assado, mas dar apenas uma idéia para a língua e olhos mais ávidos. O título sugere que sejam textos que não têm relação alguma uns com os outros, mas o próprio autor adverte no início do livro: são como membros de uma só família, "que a obrigação do pai fez sentar à mesma mesa". Então, apesar de serem histórias distintas, são detentoras do mesmo estilo amargo como o café sem açúcar.

Entre os contos, O Alienista é o mais longo e também o mais saboroso, pois as excentricidades cientificistas do Dr. Simão Bacamarte e as reações ambíguas dos moradores da vila fazem com que o leitor ria o tempo inteiro da história. Contudo, quando esta se fecha, um sentimento de desolação parece percorrê-la, transformando o riso em desconforto e reflexão crítica. Os outros contos são igualmente hilários e contestadores. Ao final de cada um há um gostinho de quero mais.
Assinatura de Machado de Assis

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