quarta-feira, 12 de setembro de 2007

O Nosso Livro

de Florbela Espanca
Livro do meu amor, do teu amor,
Livro do nosso amor, do nosso peito...
Abre-lhe as folhas devagar, com jeito,
Como se fossem pétalas de flor.

Olha que eu outro já não sei compor
Mais santamente triste, mais perfeito;
Não esfolhes os lírios com que é feito
Que outros não tenho em meu jardim de dor.

Livro de mais ninguém... Só meu! Só teu!
Num sorriso tu dizes e digo eu:
Versos só nossos mas que lindos sois!

Ah! meu Amor! Mas quanta, quanta gente,
Dirá, fechando o livro docemente:
"Versos só nossos... só de nós os dois..."Conheça um pouco mais da obra de Florbela






É desnecessário que eu diga que os versos desta poetisa portuguesa -- que escreveu no início do século XX, mas foi alheia à revolução dos modernistas -- são doces e quentes. Pois quem conhece sabe que ela nos deixou poemas que, mesmo tendo sido escritos há tanto tempo, são como bolos de chocolate recém tirados do forno, levemente salgados por lágrimas de solidão e de saudade.

Um comentário:

  1. Muito bom gosto em selecionar esse poema. A Florbela é uma das minhas poetisas preferidas. Ela é densa de um jeito delicado. É desse paradoxo que eu gosto. E seu comentário à obra dela, comparando os poemas a bolos de chocolate recém-tirados do forno, é genial. Dá mesmo água na boca...

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