sábado, 17 de maio de 2008

Causo na Vila das Letras

por Vinícius Rennó

-Cumpadi, acabo di sabê dum causo qui conteceu ontem di noite.
-Uai, que houve? Diga logo duma vez, sô.
-Oia pro cê vê. Arrancaro as bola do Seu Alves!
-Sassinhora! Quem foi que castrô Alves?!
-Me dissero qui foi o português caolho, o tal do Seu Camões.
-Mas comé quisso foi aconticê?
-Parece que o homi pegô a propria muié, Dona Florbela, com o otro na cama. Então foi correno até a casa do vizinho pegar o machado emprestado. O resto ocê pode imaginá.
-Caramba!
-Agora o Seu Alves tá lá no hospitar.
-Coitado... Mas aqui, o vizinho sabia pra quê o português queria o machado?
-Ôh se sabia! Seu Assis tem muito apego à suas coisa, num sabe? Mas sabeno o motivo do português, Seu Assis entregô o machado na hora. Parece que ele num adimite essas desavergonhice de jeito nium.
-Eita! E Dona Florbela? quê se assucedeu cum ela?
-Nessas hora deve di tá pedindo perdão pro marido, que num qué vê ela nem pintada.
-Se fosse comigo, eu não perdoava.
-Nem eu. Mas sabe como é o português, se deixa levá pelas palavra doce da muié.
-Então, ocê acha qui eles vão acabá vortando junto? Povo doido, sô.
-Pois é.