terça-feira, 29 de abril de 2008

O Noviço

de Luís Carlos Martins Pena

Ainda me lembro da primeira vez que tive de ler este livro, quando ainda estava no início do colegial (atual ensino médio). Foi tão forçoso que pequei desgosto pela obra. Um pouco mais tarde pude assistir à encenação desta peça teatral, o que mudou completamente minha opinião a respeito, tamanho o empenho dos atores. Agora que estou na universidade e tenho que lê-la novamente, a fim de estudar os começos do Romantismo no Brasil, não mais acho ruim. Pelo contrário, dá-me gosto relembrar das cenas de humor simples e críticas, em que as graças e desventuras da sociedade brasileira e de suas instituições foram tão bem retratadas.

Basicamente, esta é a história de Carlos, rapaz endiabrado, que é enviado a um convento por decisão de sua tia e tutora. Não tendo vocação para a vida religiosa, Carlos foge do convento e dedica-se a desmascarar o ambicioso Ambrósio, segundo marido de sua tia. Para saber mais, só lendo (ou ouvindo) "O Noviço" na BibVirt.

Quanto ao autor, Martins Pena é considerado o fundador da comédia de costumes no teatro brasileiro, um dos principais precursores do Romantismo no Brasil e um dos primeiros autores a retratar o processo de urbanização no século XIX. Suas obras, apesar de ficções, servem como fontes históricas dos costumes e da linguagem coloquial da época.

domingo, 27 de abril de 2008

Livros livres

Descobri um sítio muito interessante onde se pode fazer a leitura integral e gratuita de uma "vasta quantidade de informação qualificada", tanto para a pesquisa acadêmica ou escolar quanto para o simples prazer de se degustar literatura. A Biblioteca Virtual do Estudante de Língua Portuguesa, projeto criado pela parceria entre a AT&T Foundation e a Escola do Futuro da USP, compreende não apenas textos por escrito, mas também textos falados para cegos (de obras tão extensas quanto Os Lusíadas, por exemplo), além de imagens, sons e vídeos diversos. Portanto, podem se deliciar à vontade:

http://www.bibvirt.futuro.usp.br/


Ah! E sempre dêem uma olhada na coluna Dieta de Links, à direita, pois constantemente acrescento blogues e sítios bons para a saúde mental de seus leitores.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Língua vs. Gramática

Há pouco, participei de uma discussão muito interessante na faculdade. Na aula de Leitura e Produção de Textos, o professor (substituto, mas não menos qualificado do que a professora efetiva) nos questionou a respeito das gramáticas. Enquanto os livros de biologia, por exemplo, descrevem os seres vivos, por que a maioria dos livros de gramática prescreve como devemos falar ou escrever? A língua comumente usada pela maioria das pessoas no cotidiano é muito diferente daquilo que se vê como norma padrão. Veja bem, o problema não é a norma padrão em si, mas a forma culturalmente mutiladora como ela é ensinada nas escolas atualmente: o indivíduo que vive em um meio mais simples, infelizmente, cresce achando que o jeito que ele, sua família e as pessoas de sua comunidade falam é "errado"; como se devesse esquecer toda a sua linguagem popular e engolir, sem mastigar, aquelas regras de conjunção e concordância ditadas por uma minoria elitizada e preconceituosa. Não digo que o ensino da norma padrão da língua não seja importante, muito pelo contrário. Porém este ensino precisa ser feito de forma que adicione mais um estilo ao conhecimento lingüístico, e não de forma que substitua o "errado" pelo "certo". Pois, dependendo do contexto social no qual o indivíduo se encontra, este terá que adequar a sua fala ou a sua escrita às circunstâncias de seu uso.

Para simplificar, imagine que a língua seja um carro o qual quero dirigir e que a gramática seja seu motor. De nada me adiantará saber qual a função de cada uma de suas peças se eu não souber como pilotá-lo. Afinal, minha pretensão é apenas ser um bom motorista e não um técnico mecânico!